27 de junho de 2014

Conversas Sobre o Tempo: Jalecos

Eu almoço na Universidade praticamente todos os dias. Eu levo meu almoço de casa, mas costumo almoçar em um dos restaurantes, já que normalmente tenho companhia de amigos neste momento do dia. No dia que escrevo isso, vi uma coisa que costuma me irritar um bocado...

Uma moça que estava almoçando lá estava usando jaleco. Para aqueles que não sabem, jaleco é uma peça de roupa usada sobre as roupas normais em certas profissões, tais como médicos, dentistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, biólogos... Enfim, diversas profissões ligadas às áreas de saúde e à pesquisa.

O Jaleco é um dos chamados Equipamento de Proteção individual (EPI), uma vez que sua principal função é proteger o usuário de quaisquer produtos químicos ou biológicos que possam acidentalmente cair sobre ele no decorrer do trabalho, sendo o exemplo mais clássico um ácido (coisa que já aconteceu comigo).

Bom, é aí que eu entro novamente no motivo de eu estar escrevendo este post. Por ser ligado justamente à profissões bem vistas na sociedade (como médicos), usar o tal jaleco acaba se tornando símbolo de status. Tornou-se normal ver pessoas saindo de seus laboratórios ou consultórios, ainda trajando o jaleco, e irem a um restaurante. GALERA, JALECO NÃO É ROUPA DA MODA!!! É UM MALDITO EPI!!!

O correto seria aquilo sequer sair do laboratório, na verdade. O meu fica no laboratório o tempo todo, e o trago pra casa apenas para lavar. E olhem que o mais tóxico que trabalho no dia-a-dia é com formol (que é cancerígeno). Mas o laboratório ao lado do meu é o de microbiologia, aonde se trabalham com bactérias, vírus e fungos diversos. Imaginem se algum biólogo desse laboratório decide ir passear com seu jaleco contaminado com Staphylococcus aureus, por exemplo? Agora imaginem isso em, sei lá, UM HOSPITAL? A proporção do problema está ficando clara para vocês?

O pior é que isso é extremamente comum entre funcionários e estudantes da área de saúde. Se vou em alguma faculdade de medicina, vai ser normal encontrar pessoas passeando com o jaleco (e ocasionalmente o estetoscópio, outra imbecilidade) mesmo quando não precisaram utilizá-lo naquele dia. Sério, isso me tira do sério. Esse é o tipo de profissional que deveria dar o exemplo, mas são os primeiros a jogar as regras de biossegurança pela janela!

Isis: Aqui eu não vi isso, mas no Brasil realmente era comum, embora eu visse mais fisioterapeutas e médicos de clínicas que, acho eu, não mexiam com experimentos ou nada além do normal.

Mas nunca tinha parado pra pensar que talvez alguns deles estivessem em laboratórios ou mesmo hospitais, e que poderiam estar trazendo alguma contaminação para fora. Bom ponto, Dé.

Mas, uma pergunta, especialmente sobre os que trabalham (e usam) no hospital. Considerando que o jaleco não cobre tudo, mesmo que eles tirem esse equipamento quando saem, ainda estão contaminados, não?

Dé: Isso vai depender do nível de biossegurança do laboratório, Isis. Os níveis vão de 1 a 4, aonde 1 são aqueles que trabalham com coisas do dia-a-dia (tipo o vírus da gripe) e 4 os que trabalham com coisas extremamente perigosas (como por exemplo o vírus ebola).

Quanto maiores os níveis de biossegurança, vão sendo tomadas progressivamente maiores precauções, que podem incluir uma muda de roupas, pressão atmosférica diferenciada, banhos esterelizantes etc.

Mas mesmo em níveis de biossegurança baixos, é necessário certo cuidado e bom senso, não concorda?

Pessoal, coloquem na cabeça isso: JALECO NÃO ESTÁ NA MODA! JALECO NÃO É SÍMBOLO DE STATUS! DEIXEM O MALDITO JALECO GUARDADO QUANDO NÃO PRECISAM DELE!!!

A quem ler isso, por favor, orientem seus amigos e familiares que se utilizam desse EPI para que leiam as normas de biossegurança e tentem se conscientizar do uso do jaleco.

O Bode


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