13 de março de 2014

Para ler: O Ano da Leitura Mágica

As pessoas compartilham os livros que amam. Elas querem espalhar para os amigos e familiares a sensação boa que sentiram ao ler o livro ou as ideias que encontraram nas páginas deles. Ao compartilhar um livro amado, um leitor está tentando compartilhar o mesmo entusiasmo, prazer, medo e ansiedade que experimentou ao ler. E por que mais o fariam? Compartilhar o amor pelos livros ou por um livro específico é uma boa coisa. Mas é também uma manobra arriscada para ambos os lados. Quem dá o livro não está exatamente expondo a alma para uma rápida olhada, mas quando o entrega com o comentário de que é um de seus preferidos, está muito próximo de expô-la. Somos aquilo que gostamos de ler e quando admitimos que adoramos um livro, admitimos que este livro representa verdadeiramente algum aspecto do nosso ser, seja o fato de sermos loucos por romance, ou por aventura, ou secretamente fascinados por crimes.
Não faço ideia dos motivos que me levaram a pegar esse livro para ler... Acho que foi o título que me chamou a atenção – especialmente na edição em inglês (Tolstoy and the Purple Chair), que apareceu como recomendação no meu perfil do Goodreads. O caso é que tinha o ebook dele fácil, estava a fim de ler alguma coisa de não ficção, e ele entrou na fila...

Uma vez tendo começado a ler, contudo, foi fácil perceber porque me recomendaram esse volume...

O Ano da Leitura Mágica traz o relato real de Nina Sankovitch, que após a perda da irmã mais velha para o câncer, decide embarcar numa jornada literária como forma de lidar com a dor e o luto: durante um ano, ela lê e resenha um livro por dia.

E, coincidentemente, há vários livros na lista dela que eu também já li – aliás, ela parece ter tido uma impressão tão forte quanto eu de A Elegância do Ouriço. E, considerando o quanto ela ama romances policiais, minha própria lista aumento um bocado também...

A leitura sempre fora algo que Nina compartilhara com a família – tanto com as irmãs, quanto com os filhos – e para além da familiaridade que ler lhe trazia, refletir sobre as lições que os livros que ia lendo apresentavam também ajudava no processo de aceitação.

Em muitos pontos, esse livro me fez lembrar de Ex-Libris – Confissões de uma Leitora Comum – embora eu tenha gostado mais do primeiro do que desse. Não que O Ano da Leitura Mágica seja ruim, mas sim porque Ex-Libris é mais leve e mais fácil pra mim de me identificar, visto que nunca passei pela mesma experiência da Sankovitch.

Ainda assim, é um livro muito interessante, que vale bem a leitura e as lições que a autora aprende – não apenas nos livros, mas com as pessoas que a rodeiam e que lhe dão o espaço necessário para vencer seu próprio desafio.

Escrevi uma carta respondendo ao texto de Howe, na qual eu dizia que, como uma leitora comum, eu tampouco me importava com o que os críticos literários tinham a dizer. Eles e suas críticas não tinham nada a ver com os livros que eu gostava de ler. Quando e se eu discutia livros, não era para discutir tendências no estilo narrativo ou as mais recentes críticas textuais. Ao contrário, “é conversa fiada, do tipo ‘o que está acontecendo com seus vizinhos?’ Amamos nossos livros e amamos as pessoas reais que os habitam.

A Coruja


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